terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Novos estagiários da Rede de Cooperação Identidades Culturais

Novos estagiários passaram a compor a equipe de pesquisa de Rede de Cooperação Identidades Culturais

Dafne Amaral, Luis Antonio Moretti e Cristiane Faleiros
Três novos estagiários fazem parte da Rede de Cooperação Identidades Culturais: Dafne Amaral, estudante de arquitetura do Centro Universitário Moura Lacerda, Cristiane Faleiros, estudante de arquitetura do UNISEBCOC e Luis Antonio Moretti, estudante de História do Centro Universitário Barão de Mauá.
Eles desenvolvem atividades relacionadas ao Inventário Nacional de Referências Culturais em Ribeirão Preto, orientados e supervisionados por profissionais da arquitetura, história, sociologia, entre outros. Dafne afirma que é "uma excelente oportunidade para conhecer melhor a arquitetura e a história local". Cristiane destaca que tem gostado de estar "em contato com a arquitetura com características coloniais de Bonfim Paulista".
Já Luis Moretti, que tem feito entrevistas com moradores do Distrito de Bonfim Paulista utilizando a metodologia do INRC afirma que a experiência promove o aprofundamento do conhecimento da metodologia da oralidade utilizada pela historiografia. "É muito interessante observar a percepção de cotidiano e de vida que as pessoas tem", informa Luís.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Capelinha de Bonfim Paulista.


Foto: Aureliano Borges na entrada da Capelinha.
Fonte: Rede de Cooperação Identidades Culturais, 2011


Afetividade e religiosidade: a Capela dos Noivos.

No dia 29 de setembro de 2011, o senhor Aureliano Borges foi entrevistado pela pesquisadora Mônica Jaqueline de Oliveira, membro da Rede de Cooperação Identidades Culturais. O propósito inicial era falar sobre o Clube Esportivo Atlético Bonfinense.
Contudo, no decorrer da entrevista o Sr. Aureliano relatou à pesquisadora o seu envolvimento afetivo com a Capelinha, também conhecida como Capela dos Noivos, Capela de São Sebastião, entre outras denominações. A partir das informações coletadas no encontro com Aureliano, o grupo realizou outras quatro entrevistas com moradores de Bonfim Paulista sobre esta edificação religiosa, que se localizava no meio do caminho da Estrada Municipal, que liga Bonfim Paulista às fazendas da região.
A Capelinha foi erguida no local onde anteriormente havia um Cruzeiro. De acordo com os relatos este é o local de sepultamento de um casal de noivos mortos pelo pai da noiva.

Dona Terezinha Greggio Coli lembra emocionada das procissões que aconteciam na época de estiagem. Os pequenos agricultores que corriam o risco de perder sua safra por causa da seca passavam nove dias em procissão das fazendas à Capela, carregando baldes e garrafões de água. No local rezavam missas e terços em louvor a São Sebastião, para que a chuva voltasse a cair e salvasse as plantações.  “Nós nunca chegamos ao nono dia sem chuva, no quarto ou no sexto dia nossas preces eram atendidas e a chuva caia [...]. Era um povo de muita fé” relembra Terezinha com os olhos marejados.
As entrevistas levaram os pesquisadores a inventariarem a Capelinha na categoria de Lugar. Na metodologia do INRC (INRC - Inventário Nacional de Referências Culturais), usada pela equipe da Rede de cooperação, essa categoria diz respeito aos bens que possuem sentido cultural diferenciado para a população local. São espaços demarcados geograficamente e apropriados por práticas e atividades de naturezas variadas (trabalho, comércio, lazer, religião, política). Nesse caso, o valor do bem cultural, a Capelinha, não é estético ou arquitetônico, mas um valor simbólico, marcado pela religiosidade local.

Foto: Fachada Principal da  Construção da Nova Capelinha (réplica)
Fonte: Rede de Cooperação Identidades Culturais, 2012

 Entre o final de 2011 e o início de 2012, o local da Capelinha deu lugar a um empreendimento imobiliário. De início a pequena capela foi poupada, pois ficava evidente a forte relação afetiva entre a população da região e a edificação. Contudo, como a construção ficava bem em frente a portaria principal de um futuro condomínio, a empresa demoliu a Capela e construiu uma nova edificação em outro local. Sobre essa questão o Sr Aureliano fez a seguinte observação: “Quem morreu ali não sai dali para acompanhar a Capela”.
Atualmente, a equipe de pesquisadores trabalha para medir qual foi o impacto da demolição e da construção da nova Capelinha para a população local.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

REFERÊNCIAS CULTURAIS EM BONFIM PAULISTA: A IMPORTÂNCIA DA FERROVIA

Lá se foi o trem.....
Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012, após a entrega do relatório das atividades de 2011, os pesquisadores da Rede de Cooperação Identidades Culturais que representam as Instituições de Ensino Superior de Ribeirão ficam em recesso. Contudo, a equipe do Departamento de Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura de Ribeirão Preto, que representa o grupo coordenador da Rede continua o trabalho de pesquisa e sistematização de dados.
Como parte deste trabalho estão sendo entrevistados moradores do Distrito de Bonfim Paulista. O objetivo é prosseguir na identificação das referências culturais do nosso município. Luis Antonio Moretti Filho, estagiário de História, e Mônica Jaqueline de Oliveira, Supervisora das atividades de campo da Rede de Cooperação, foram os responsáveis por estas entrevistas.

Para Luis Antonio um dos destaques observados até o presente momento é a relação entre os bonfinenses e a Ferrovia Mogiana. Segundo o Senhor Vanderlei Pipa, comerciante tradicional de Bonfim “o que marcou muito em Bonfim Paulista [ficando] assim um negócio meio difícil, foi a retirada da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, [...] marcou muito. A gente sente muita falta dessa estrada de ferro. Quando eu [era] criança com a idade aí de seis, sete e oito anos eu viajei várias vezes com meu avô para São Paulo e nós pegávamos o trem aqui, nessa praça aqui em frente, então era uma facilidade muito grande”. O “seu Vandi” como é conhecido em Bonfim, registrou em fotografia a última passagem do trem de passageiros com destino a Campinas.

Foto: último trem de passageiros de Bom Paulista com destino a Campinas. Fotógrafo: Vanderlei Pipa por sugestão do chefe da estação Francisco Manso. Data 15/08/1963.

O senhor José Targa relata o cotidiano da ferrovia: “o movimento, o cotidiano em Bonfim Paulista era rodeado de fazendas, então as fazendas vinham com os carroções e descarregavam café ali, era um movimento tremendo, [...] vinha muita gente de Cravinhos descia aqui e nos íamos pra Cravinhos, era muito bom”.

  Foto: Barração da Estação Mogiana em Bonfim Paulista. Fotógrafo: Vanderlei Pipa. Ano 1956.

O crescimento do saudade e o sentimento de perda estão presentes nas falas de todos os bonfinenses entrevistados até o momento.