terça-feira, 6 de setembro de 2011

Religiosidade e referência cultural

O Túmulo dos Padres no Cemitério da Saudade.
 
O Cemitério da Saudade é um local que guarda verdadeiras preciosidades artísticas e arquitetônicas representadas nos túmulos e esculturas em mármore do final do século XIX e início do século XX. Estas obras de arte são fruto do trabalho de artistas-artesãos que trabalharam em marmorarias de Ribeirão Preto entre 1893 e 1935. Verdadeiras relíquias, estas edificações foram inventariadas pela equipe de pesquisadores da Rede de Cooperação Identidades Culturais, responsável pelo Inventário Nacional de Referências Culturais em Ribeirão Preto (INRC).

Túmulo dos Padres. Foto: Amigos da Fotografia, 2011.
Contudo, os pesquisadores preocuparam-se em identificar no Cemitério não somente os bens culturais cujo significado estava na edificação, que preserva valores estéticos, mas, preocuparam-se em inventariar também, túmulos que foram indicados pela população como referências culturais do ribeirãopretano, que são importantes pelo seu significado simbólico/religioso. Este foi o caso do túmulo do Frei Santo Ramires, sepultado na quadra 08, sem número, entre os túmulos 1.114 e 2.398.


Frei Santos Ramires.
Foto: Amigos da Fotografia, 2011
 O Túmulo dos Padres, como é conhecido no Cemitério da Saudade, é o local de sepultamento de 22 religiosos da Ordem dos Agostinianos. Entre eles está o Frei Santos Ramires, religioso Agostiniano Recoleto que atuou em Ribeirão Preto. Nascido em 1º. de novembro de 1863, na Vila Ríncon de Olivedo, Espanha, ordenou-se sacerdote em dezembro de 1886. O Frei foi missionário e capelão nas Ilhas Filipinas até 1897. Em abril de 1899, Santos Ramires veio para o Brasil, chegando a Ribeirão Preto entre 19 de maio de 1899, onde estabeleceu a Ordem dos Agostinianos Recoletos, tornando-se o Superior desta Ordem que, originária da Espanha no século XVI, tinha como caráter a Pastoral de Comunidades.

Entre as suas principais ações, Frei Ramires trabalhou em prol da vinda das Irmãs Ursulinas para este município, em cujo colégio foi capelão por 22 anos. Foi o construtor da Igreja São José e substituiu o Vigário da Paróquia de Ribeirão Preto, que na época estava muito doente. Também foi diretor do Observatório de Meteorologia, instalado no convento, cujas informações eram transmitidas aos congêneres da capital de São Paulo. Frei Santos Ramirez faleceu em  Ribeirão Preto, no dia 24 de julho de 1934. A Câmara Municipal de Ribeirão Preto rendeu-lhe homenagem, dando o nome de Frei Santo a uma Rua da cidade.

Depois da sua morte, a sua sepultura tornou-se um local de peregrinação de devotos. De acordo com a administração do Cemitério da Saudade, o Túmulo dos Padres é um dos mais visitados do cemitério. Ao identificar o significado simbólico/religioso desta sepultura para os visitantes do Cemitério, os pesquisadores da Rede de Cooperação Identidades Culturais iniciou um estudo em relação a este e a outros quatro casos de culto aos “santos populares” no cemitério: túmulos do Menino Zezinho, de Dom Givane Rabaioli, da Menina Piedade e os dois túmulos dedicados às Almas.
             

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELMONTE, Agostiniano. Raízes de um povo. 100 anos de presença dos Agostinianos Recoletos no Brasil (1899-1999). Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de Livros, 1999.

ROSA, L.R.; REGISTRO et al. Ruas e Caminhos de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto: Centro Universitário Barão de Mauá, 2006. 

Lilian R. de Oliveira Rosa
Baby Gaspar

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